Pais e responsáveis devem estar sempre atentos à alimentação
e rotina dos filhos para evitar o excesso de peso e obesidade
Antigamente, criança gordinha ou acima do peso era a alegria dos avós. Para eles, era sinal de saúde e mostrava que a criança era bem nutrida e alimentada. Hoje, esse excesso de peso mudou de figura e deu lugar a um alerta aos pais: a condição de sobrepeso e a obesidade podem trazer problemas de saúde e devem, por isso, ser evitadas desde a primeira infância.
Ambas as condições são definidas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), como o “acúmulo de gordura corporal excessiva capaz de interferir na saúde do indivíduo”; resultado do desequilíbrio entre ingestão em excesso de alimentos e o menor gasto energético.
Cabe aos pais e/ou responsáveis ficar de olho e acompanhar, com critério, o peso e o desenvolvimento corporal dos pequenos. E para saber se você ou uma criança se encaixa ou não dentro desses perfis, basta clicar aqui para medir o Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado a partir da massa corporal (quilogramas) dividida pelo quadrado da sua altura (em metros), expresso em quilogramas por metro quadrado (kg/m2). Se o resultado der igual ou maior que 25 kg/m2, significa que existe sobrepeso; se estiver igual ou maior a 30 kg/m2, indica estado de obesidade.
Vale lembrar que os quilos extras e aquela gordurinha, que podiam ser vistos como uma coisa fofa, podem causar complicações sérias para a saúde e vida das crianças, deixando-as vulneráveis a implicações importantes, tais como problemas no coração, colesterol alto, diabetes tipo 2, asma, retardo do crescimento, baixa autoestima, depressão e outras doenças.
Prevalência
Não são poucas as famílias brasileiras que enfrentam esse problema: segundo o Ministério Saúde, atualmente, mais de 6,5 milhões de crianças e adolescentes já lutam contra a balança.
De acordo com dados de 2010, divulgados recentemente pela Secretaria de Direitos Humanos, 7,3% das crianças com menos de 5 anos estão com excesso de peso. Entre 5 e 9 anos, o percentual de crianças com excesso de peso chega a 33,5%. Na adolescência, o quantitativo é de 20,5%. Além disso, os dados mostram que o estado nutricional na primeira infância repercute na vida adulta. Nesse contexto, a prevalência de excesso de peso em adultos tem crescido nos últimos anos. Em 2012, metade da população adulta estava com excesso de peso, sendo 17,2%, com obesidade.
“A questão do excesso de peso é extremamente preocupante porque a gente percebe um crescimento do número de brasileiros com sobrepeso e obesidade em todas as regiões do país e em todas as faixas etárias. Os indicadores mostram que a melhoria da condição de renda da população não significou uma melhora na alimentação. As pessoas acabam consumindo produtos industrializados e com alto índice de sódio, açúcar e gordura saturada. Temos que fazer muitas campanhas para conscientizar as pessoas a se alimentarem de forma adequada e melhorar ainda mais alimentação das nossas crianças e adolescentes”, explicou a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Ideli Salvatti, em apresentação da segunda edição do Sistema Nacional de Indicadores em Direitos Humanos (SNIDH).
Fatores determinantes
As causas da obesidade infantil são diversas, principalmente o ritmo e a correria do ambiente moderno, que levam à alimentação inadequada, repleta de sal, gorduras, embutidos e alimentos industrializados, além da falta de atividade física constante. Em paralelo, pode também se relacionar a fatores biológicos, hereditários, psicológicos e/ou biológicos.
Segundo uma pesquisa feita pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde com mais de 8 mil crianças com menos de 2 anos, mais de 42% já haviam consumido bebidas ou preparações com açúcar antes dos primeiros 6 meses de vida e 44% das crianças entre 6 meses e 2 anos consumiram sucos industrializados, refrescos em pó ou refrigerantes.
Combatendo
Como bem ressaltou o endocrinologista o chefe do grupo de Obesidade e Doenças Metabólicas do Serviço de Endocrinologia do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Alfredo Halpern, em artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, ao contrário do que muitos acham, “obesidade não é falta de caráter ou sem-vergonhice”, é uma doença e deve ser tratada dessa forma.
Por ser uma doença crônica, o tratamento da obesidade é difícil e multidisciplinar, ou seja, deve ser acompanhado por profissionais de várias áreas, como, por exemplo, nutricionista, educador físico, clínico geral, endocrinologista, ortopedista, entre outros, diferenciando de caso a caso.
É um cuidado diário que precisa, acima de tudo, de mudança de estilo de vida. Aos pais, vale incentivar a criança a uma mudança comportamental e estarem sempre envolvidos, servindo de exemplo.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia indica descobrir esportes que os estimulem, aprender brincadeiras de rua/quadra em grupos, pois, além do físico, também pode ajudar o emocional, já que, geralmente, crianças mais gordinhas podem ser descriminadas pelos amigos e colegas, sendo alvo de brincadeiras de mau gosto no ambiente social.
A mudança nutricional deve ser feita de forma diferenciada: nada muito radical – de uma hora para outra, afinal, ninguém resiste a um pedaço de pão francês com manteiga no lugar de um pão integral com queijo branco e salada. Mudar o cardápio para coisas mais saudáveis, menos gordurosas, mais naturais e cheias de nutrientes pode ser incentivado por meio de receitas ou apresentações mais atraentes, explorando as cores dos alimentos e versões adaptadas para a necessidade da criança, seja na alimentação em casa, seja nas lancheiras. E não se trata de proibir sanduíches ou biscoitos, mas oferecer com moderação e de forma mais controlada.
Com dedicação e apoio dos pais, pesquisa e orientação profissional, é possível fazer uma mudança positiva e atraente aos olhos de todos. Lembrando que o exemplo é um dos grandes incentivadores: pais, mães e irmãos também podem e devem se alimentar de forma saudável, em busca da saúde e para não expor a criança a tentações.
Novos comportamentos contra a obesidade
1. Seguir uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras.
2. Respeitar os horários das refeições e não oferecer guloseimas entre um intervalo e outro.
3. Evitar alimentos gordurosos, como doces, frituras e refrigerantes.
4. Incentivar a prática de atividades físicas, como esportes no colégio ou academia, desde que sejam orientados por um profissional.
5. Ingestão de bastante água – pelo menos dois litros por dia.
Referências
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BRASIL supera baixo peso infantil, mas obesidade preocupa. Brasília: Portal Brasil, 3 mar. 2015. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/03/brasil-supera-baixo-peso-infantil-mas-obesidade-preocupa>. Acesso em: 16 jul. 2015.
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